Localização: Largo do Senhor dos Milagres / E. R. 212
Categoria: Edifício Isolado
Tipologia: Arquitectura Religiosa
Protecção: Imóvel de Interesse Público (Dec. 30/762 de 26/9/40)
Descrição: Planta longitudinal, com orientação Oriente/Ocidente (então obrigação litúrgica), composta por nave e capela-mor rectangulares, tendo adossada a sacristia a Norte da parede da capela-mor e a Sul a casa paroquial. O portal, de cantaria em arco quebrado, está enquadrado numa alta empena triangular, encimado por um óculo redondo com vitral e cruz de Cristo superior em cantaria rija. A cimalha é igualmente em cantaria cinzenta coberta de telha de meia cana. O pórtico ostenta, entre as arquivoltas, várias cruzes da Ordem de Cristo. A fachada possui ainda alhetas nos cunhais. Nos alçados Norte e Sul abrem-se duas frestas de tamanhos diferenciados, de arco quebrado em cantaria regional rija.
No interior, logo à entrada, ladrilhos brancos e pretos num desenho enxaquetado, guarda-vento sobre o qual assenta o coro-alto de madeira, apoiado em duas colunas marmoreadas (escaiola) sobre um plinto em cantaria cinzenta insular. No lado do evangelho púlpito redondo em madeira pintado com escada de madeira e baldaquino e dois altares de talha tardo-barroca em ângulo: N.ª Sra. das Dores e N.º Sr. dos Passos. Encima o arco triunfal, pleno em cantaria marmoreada, as armas nacionais, desenhadas sob uma cortina pintada de vermelho com borlas. Uma balaustrada em madeira divide a nave. As frestas exibem uma decoração envolvente em talha policromada.
O tecto do templo é estucado e decorado com elementos vegetalistas. A capela ostenta retábulo-mor em talha tardo–barroca policromada e dourada e tecto decorado com uma cruz em estuque.
Época de Construção Inicial: Séc. XV
Utilização Actual: Cultual
Propriedade: Igreja Católica
Observações: Neste lugar realizou-se a primeira missa na Madeira, no dia seguinte ao descobrimento da ilha, fazendo-se o voto de ali erguer-se uma capela de invocação a Cristo. Segundo reza a tradição popular ela está assente sobre o túmulo dos malogrados amantes Robert Machim e Ana d’Arfet. É uma das primeiras capelas a ser construída na ilha.
A capela foi destruída pela terrível aluvião de 1803, que a danificou quase completamente levando o Cristo crucificado para o mar. A imagem, quase intacta, acabou por ser recolhida por uma galera americana. A partir daí a invocação da ermida mudou para Senhor dos Milagres. Foi totalmente demolida em 1862, por ameaçar ruína. É de novo reedificada e finalmente inaugurada em 1883.
Conserva da primitiva capela do séc. XV parte do portal ogival e o arco triunfal que terá provavelmente pertencido igualmente à construção primitiva. Em 1956 sofreu consertos profundos em virtude da aluvião de Novembro.
Referência Bibliográfica:
AAVV (2003): 1803-2003 – Memórias de uma Aluvião, Machico, Câmara Municipal de Machico.
CRISTOVÃO, Carlos (1989): Elucidário de Machico, Câmara Municipal de Machico, 3ª edição, Machico, 1989.
FRUTUOSO, Gaspar (1968 – 1979): As Saudades da Terra, Ponta Delgada.
SILVA, Padre Fernando Augusto da ; MENEZES, Carlos A. (1945): Elucidário Madeirense, III Vol., Funchal.